hoje pela manhã,
numa correria digna do dia comum
parece que você passou por mim.
Não era bem você,
era o teu cheiro.
Minha memória,
para sorte ou azar,
nunca foi lá essas coisas
Então, de vez em quando,
eu tomo um soco inesperado
das minhas sensações.
Não é que eu te esqueci.
Eu nunca fiz questão de te esquecer,
mas eu preciso me preparar pra lembrar de você
e quando essa lembrança vem do nada...
há algo de irônico nesses acasos olfativos:
agora que não te vejo,
não sinto,
não te ouço,
não te beijo,
ao menos ainda tenho o teu cheiro.